Em 1992, uma escavação feita
sob a catedral de Frankfurt levou à descoberta dos restos mortais de uma menina. Ela
estava coberta com joias de ouro. A decoração do
túmulo tem origens na Dinastia Merovíngia, um grupo de tribos da Francônia que
conquistou partes do norte da França e preparou o caminho para o Cristianismo, no que são hoje os estados alemães de Hessen e Turíngia.
Os arqueólogos acreditavam que a garota havia sido sepultada por volta do ano 850 porque o túmulo se encontrava paralelo ao eixo central da catedral. Porém, uma análise aprofundada levou à descoberta de que não só a data do sepultamento era anterior ao que se pensava, mas de que a menina não estava sozinha na tumba.
A sepultura também continha
cinzas. Primeiramente, os arqueólogos não perceberam que os restos mortais eram
de outra criança, que teria cerca de quatro anos de idade. A presença de garras
de urso, bem como de ossadas de outros animais, remete a uma tradição pagã
trazida possivelmente no século XI por colonizadores escandinavos.
Sinais da influência escandinava
também aparecem no colar encontrado no túmulo da garota, cujo medalhão central
tem origem no norte europeu. Os pesquisadores ainda não identificaram a ligação
entra as duas crianças, mas, devido ao destaque que o túmulo possui na base da
igreja, acreditam que ambas foram reverenciadas pelos locais por séculos após a
morte.
Uma cruz decorada a ouro que
adorna os mantos do casal indica que houve ali um funeral cristão. Com a
presença de antigos rituais pagãs alemães, o túmulo ilustra uma época em que a
região do Baixo Reno passava por uma transição religiosa.
Segundo os pesquisadores, se as crianças pertenciam à nobreza, é provável que tivessem ligações com a poderosa família Hedenen,
de onde veio a quarta esposa de Carlos Magno (742-814), Fastrada. Na mesma
catedral, em 794, foi realizado o Concílio de Frankfurt, o mais importante
reunindo bispos do Ocidente, organizado por Carlos Magno. Nele, foram definidas
as bases teóricas para o Sacro Império Romano-Germânico.
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