22 de abril de 2015

Integrantes do LEAM falam sobre suas pesquisas e defesas de Mestrado

Dois integrantes do Laboratório de Estudos Antigos e Medievais recentemente defenderam suas dissertações de Mestrado. Lucio Carlos Ferrarese apresentou o trabalho intitulado “Guerra e política: Guilherme, o Conquistador e a Batalha de Hastings nas fontes anglo-normandas dos séculos XI e XII” no dia 26/03, e Augusto João Moretti Junior defendeu a tese "Teoria e prática da guerra no reinado de Fernando III (1217-1252)” no dia 30/03. O Laboratório organizou uma pequena entrevista com os dois pesquisadores, sobre seus objetivos, conquistas e dificuldades ao longo dos dois anos de Mestrado.

LEAM: De onde partiram as suas pesquisas?

Lucio: Embora a duração do Mestrado seja de dois anos, ‘Guerra e Política: Guilherme, o Conquistador e a Batalha de Hastings nas fontes anglo-normandas dos séculos XI e XII’ teve seu verdadeiro início durante o meu segundo projeto de iniciação científica, ao final do meu terceiro ano de graduação em História, em 2011. No começo, procurando entender o papel que os cavaleiros e o conceito da cavalaria tiveram sobre a figura de Guilherme, não pude deixar de notar como a guerra no medievo é tão intimamente ligada ao poder político, bem como o contrário é verdadeiro. O pensamento religioso e social, as condições econômicas e o poderio político são tanto influenciadores quanto influenciados pelas características humanas, entre elas a violência pela guerra, e procurei ressaltar essa interdependência durante meu trabalho bem como suas consequências na sociedade.

Augusto: A dissertação intitulada ‘Teoria e Prática da Guerra no Reinado de Fernando III’ participa de um debate historiográfico iniciado no século XIX, quando historiadores militares, como Carl von Clausewitz, afirmaram a falta de uma preocupação e desenvolvimento militar dos exércitos medievais. Na década de 50 do século XX esse panorama começou a mudar, o historiador J. F. Verbruggen deu início a estudos que afirmavam um real desenvolvimento militar na Idade Média. Diante de uma historiografia renovada da segunda metade do século XX, iniciamos um estudo direcionado para as crónicas hispânicas objetivando responder a questão: ‘Seria a Idade Média um período de estagnação militar’?

LEAM: Qual a importância do tema que você pesquisa?

Lucio: Considerando a bibliografia referente ao tema, este deve ser um dos primeiros trabalhos brasileiros acerca da conquista de Guilherme e a consequente integração das sociedades anglo-saxônica e normanda, integração esta que forma muitas das bases da sociedade inglesa medieval.

LEAM: Quais foram suas principais dificuldades ao longo do trabalho?

Lucio: O conhecimento de outras línguas é, para o historiador, não apenas um desejo, mas uma necessidade para a ampliação de seu escopo de estudos. Muitas vezes o pesquisador, especialmente o da Idade Média e da Antiguidade, encontra-se em um ambiente hostil e seco, de posse de poucos livros traduzidos e também caros. Essa dificuldade pode ser facilmente contornável ao comunicarmo-nos com o outro, e adentrarmos verdadeiramente o círculo de pesquisa além do Português, que embora uma linguagem rica, ainda não nos possibilita estudar toda e qualquer temática da história de maneira aprofundada.

LEAM: E qual foi a sua conclusão sobre o tema?

Augusto: Para responder essa questão dividimos nossa dissertação em três partes. Inicialmente analisamos a transformação e desenvolvimento de um pensamento militar medieval, e como ocorreu a transição de um pensamento cristão pacífico para um pensamento cristão bélico, com a formação dos conceitos de guerra justa e guerra santa. Em segundo lugar, desenvolvemos uma análise sobre a política de expansão e consolidação territorial empreendida por Fernando III. Por fim, estudamos as estratégias e táticas utilizadas em campo de batalha frente ao inimigo cristão, desde as campanhas de arrasamentos até a tomada de grandes cidades como Córdoba (1236) e Sevilha (1248).

LEAM: Alguma dica ou consideração final aos outros pesquisadores?

Lucio: Necessito destacar a importância para o pesquisador de possuir companheiros de pesquisa, seja por mera afinidade seja por grupos oficiais de pesquisa, e gostaria de prestar meus agradecimentos: ao Laboratório de Estudos Antigos e Medievais, por me permitir esse convívio com outros estudiosos e pela troca de informações constantes; aos srs. Augusto Moretti Junior e Bruno Mosconi Ruy, meus primeiros companheiros de estudo e aos quais devo muito de meu conhecimento e amizade; e ao Dr. Jaime Estevão dos Reis, por sua orientação, apoio e determinação, cuja ajuda tornou esse trabalho possível. Ao historiador torna-se necessário o apropriado balanço entre a disciplina do estudo silencioso e a convivência com seus pares, mas graças a eles pude exercer ambas estas naturezas de maneira produtiva e agradável.

Abaixo, algumas das imagens registradas nos dias das respectivas defesas.


Ms. Augusto João Moretti Junior


Profª. Drª. Leila Rodrigues da Silva, Ms. Augusto João Moretti Junior, Prof. Dr. Jaime Estevão dos Reis e Profª. Drª. Clarice Zamonaro Cortez


Ms. Lucio Carlos Ferrarese


Profª. Drª. Angelita Marques Visalli, Profª. Drª. Adriana Maria de Souza Zierer, Ms. Lucio Carlos Ferrarese, Prof. Dr. Jaime Estevão dos Reis e Profª. Drª. Renata Lopes Biazotto Venturini

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