Há três câmaras conhecidas na Grande Pirâmide de Gizé:
a câmara de base, situada na rocha que serve de apoio para o resto da pirâmide,
e duas câmaras superiores chamadas de “Câmaras
do Rei e da Rainha”. Ao longo das paredes que vão de norte a sul da Câmara
da Rainha existem dois túneis, com cerca de vinte centímetros de diâmetro, que
estão bloqueados por uma barreira de pedra. Ninguém sabe qual era o propósito
original destes túneis, mas
uma teoria é que eles levavam a uma quarta câmara secreta.
Os pesquisadores, então, tentaram enviar pequenos
robôs para explorar a pirâmide, no intuito de filmar e fotografar ambientes aos
quais não tinham acesso, e resolver esse mistério ancestral.
Uma das primeiras tentativas nesse sentido
aconteceu em 1993, quando um robô percorreu cerca de sessenta metros acima do
túnel na parede sul, apenas para encontrar um pequeno par de portas de pedra
fixados com pinos de metal. Os pesquisadores desconfiaram imensamente desse
achado, especialmente porque ligas de metal não eram comuns em qualquer outra
parte da estrutura.
No ano de 2002, quase uma década depois da primeira
incursão, um outro robô foi enviado com a missão de perfurar um bloco de pedra
no túnel. Nessa expedição, ele encontrou uma estranha e pequena câmara, vazia,
que culminava em outro grande bloco de pedra.
Em 2014, uma equipe de engenheiros liderada por Rob
Richardson, da Universidade de Leeds, no Reino Unido, decidiu continuar a
investigar o mistério. Para isso, eles desenvolveram um novo robô, equipado com
microtubos flexíveis e com pequenas câmeras em suas extremidades, capaz de
rastejar para dentro do estreito túnel. Desta vez, os pesquisadores se
depararam com hieróglifos de 4500 anos de idade, escritos em tinta vermelha, e
esculturas em pedra que poderiam ter sido feitas à ocasião da construção da
própria câmara secreta. Logo, a tradução dessas mensagens pode ajudar os
egiptólogos a entender por que e como estes complexos dutos foram planejados e
construídos.
“Números e ícones
pintados de vermelho são muito comuns nos arredores de Gizé”, explica o
egiptólogo Peter Der Manuelino, professor da Universidade de Harvard e diretor
do Arquivo de Gizé no Museu de Belas Artes, nos Estados Unidos. De acordo com
Manuelino, esses desenhos são muitas vezes marcas de pedreiros ou de outras
pessoas envolvidas na obra, e geralmente simbolizam datas ou até mesmo os nomes
das equipes de construção.
Com sua câmera superfina e flexível, o robô da
pesquisa também foi capaz de registrar imagens dos entornos da câmara vazia,
mostrando a parte de trás da intransponível porta de pedra pela primeira vez.
Isto permitiu que os pesquisadores filmassem detalhes dos estranhos pinos de
metal, nunca antes analisados. Por terem um aspecto ornamentado, os estudiosos
acreditam que não são peças funcionais, e estão ali sob caráter de enfeite.
A egiptóloga Kate Spence, da Universidade de
Cambridge, no Reino Unido, afirma que é quase certo que estes túneis tenham
sido feitos com uma função mais subjetiva, e não funcional. “Os pinos de metal e os estranhos eixos de
Câmara da Rainha são orientados norte-sul, não leste-oeste. Suspeito que a sua existência
seja simbólica, e relacione-se com a disposição das estrelas em alguma época do
ano”, completou.
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