Um dos mais icônicos costumes
natalinos é ter um pinheirinho ornamentado em casa, decorando o ambiente e
acumulando presentes sob sua copa. Como e onde começou essa estranha tradição
festiva de se arrastar uma árvore para dentro de sua sala de estar?
Em seu livro “Inventing The Christmas Tree”, o
pesquisador Bernd Brunner lança um olhar sobre as últimas décadas da Idade
Média, procurando referências a árvores de Natal no dado contexto. Apesar de
esparsas, essas referências sugerem que, já durante o século XV, não seria
incomum encontrar pequenos pinheiros sendo usados em festas natalinas no norte
da Europa.
Contudo, as primazias das menções
não são sempre óbvias. Brunner explica: "Em meados de 1419, uma organização de aprendizes de padeiro de Freiburg
parece ter patrocinado a decoração de uma árvore com maçãs, bolachas, pães de
gengibre e enfeites coloridos no principal hospital da cidade. Um outro
documento afirma que a primeira árvore de Natal foi decorada em Tallinn,
Estônia, no final de 1441. Esses registros, porém, são extremamente ambíguos,
porque a mesma palavra usada para ‘árvore’ pode significar ‘poste’ ou ‘mastro’
em alemão arcaico".
No final do século XVI, relatos
de um recenseador chamado John Stow sugerem que ele teria encontrado registros mais
confiáveis, datados de 1444, indicando que um bairro londrino se organizou para
fixar e exibir a primeira árvore ornamentada da Europa nas festas daquele ano.
No entanto, a capital da Letônia, Riga, ainda hoje reclama para si o título de
pioneira da tradição. No final de 1510, a Irmandade
dos Cabeças Negras - uma guilda de mercadores e armadores com sede na
cidade – dava sinais de uma “normatização” arraigada do costume, com datas e
horários fixos para a decoração das árvores na principal praça pública de Riga.
Também é da Letônia a tradição de queimar as árvores enfeitadas logo após as
festividades, ato que supostamente traria prosperidade e sorte à região.
Embora a esmagadora maioria dos
documentos sobre árvores de Natal seja datada do século XVI, parece
indiscutível que sua existência anteceda o período em décadas. Argumentando em
favor dessa hipótese, Brunner diz que existem muitos registros de autoridades
locais aprovando leis para “proteger” as árvores mais frondosas durante os
solstícios de inverno do século XV, consequentemente preservando-as para as
festividades sazonais. Na região francesa da Alta Alsácia, uma elaborada lei de
1561 dizia que os cidadãos poderiam cortar um pinheiro com o comprimento máximo de “oito sapatos”. Enquanto isso, na
cidade de Estrasburgo, o costume popular era de podar os galhos de pinheiros e
enfeitá-los em casa durante as celebrações de Ano Novo, tradição legalmente
proibida pelo governo a partir de 1494.
Entre a Idade Média e o período
moderno, o costume se desenvolveu. Quer se trate de peças inteiras ou apenas
ramos, é inegável que as árvores de Natal poderiam ser facilmente encontradas
em hospitais, igrejas, câmaras municipais e em casas de inúmeras pessoas por
volta do século XVI, e talvez ainda mais cedo. Com raízes pagãs ou cristãs, o
fato é que, nos últimos seiscentos anos, a tradição ocidental espalhou-se por
quase todo o mundo, tornando-se praticamente indissociável das comemorações
dezembrinas.
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