12 de março de 2014

Estudos indicam que os antigos cartagineses realmente sacrificavam suas crianças

Um trabalho colaborativo de acadêmicos de todo o mundo, incluindo da Universidade de Oxford, sugere que os pais cartagineses sacrificaram ritualmente seus filhos mais novos como oferendas a seus deuses. O documento argumenta que as tentativas anteriores de interpretar os chamados “tophets” como “cemitérios infantis” são equivocadas. A prática do sacrifício de crianças pode ser a chave para os motivos de a civilização ter sido fundada em primeiro lugar.

A Drª. Josephine Quinn, do Departamento de Estudos Clássicos da Universidade de Oxford, argumenta: “Está se tornando cada vez mais claro que as histórias sobre o sacrifício cartaginês de crianças são verdadeiras. Isso é algo que romanos e gregos originalmente atribuíam aos cartagineses, e que muitos estudiosos contemporâneos entendiam como contrapropaganda política por parte destes últimos. O que estamos tentando comprovar agora é que as evidências arqueológicas, literárias e documentais do sacrifício de crianças são gigantescas, e que descartá-las é muito menos prudente do que tentar entendê-las”.

A cidade-estado da antiga Cartago foi uma colônia fenícia localizada no território que hoje pertence à Tunísia. Vigorou entre os anos de 800 a.n.e. e 146 a.n.e. , quando foi destruída pelos romanos.

As crianças (de ambos os sexos, e com apenas algumas semanas de idade) eram sacrificadas pelos cartagineses nos locais conhecidos como tophets. A prática supostamente também foi realizada por seus vizinhos em outras colônias fenícias, na Sicília, em Sardenha e em Malta. Dedicatórias dos pais das crianças aos deuses estão inscritas em lajes de pedra acima de seus restos cremados, em alguns casos incluindo as bênçãos almejadas.

A professora Quinn complementa: “Alguns estudiosos argumentam que esses sítios arqueológicos são apenas cemitérios de natimortos, mas é difícil imaginar como a morte natural de uma criança poderia contar como resposta a uma oração. Sim, temos que levar em consideração o alto nível de mortalidade entre os recém-nascidos, mas sem nos esquecermos de que esse índice também estimularia o ‘desapego’ dos pais em relação à materialidade de seus filhos. A tentação inicial é enxergar esse argumento como uma afronta ao conceito de família, porque nós o entendemos em nossos próprios termos. Mas os termos eram consideravelmente diferentes há 2500 anos”.

A Drª. conclui: "Cartago era muito maior do que Atenas, e por alguns séculos foi mais importante do que Roma. Hoje, é uma cidade esquecida. Se aceitarmos que o sacrifício de crianças ocorreu em alguma escala, podemos começar a explicar por que a colônia foi originalmente fundada. Talvez a razão pela qual os grupos que estabeleceram Cartago tenham deixado seu lar original na Fenícia esteja no fato de que suas práticas religiosas incomuns eram rejeitadas. O abandono de crianças era comum no mundo antigo, e o sacrifício humano é comprovado em muitas sociedades históricas, mas o sacrifício de crianças é relativamente incomum . Em suma, rejeitar a ideia destes rituais nos impede de compreender um contexto maior”.

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